Depois de bater uma série de corridas, nunca tantas como gostaria, e é belo o sentido de pertença, a descontracção, o sol e o vento no rosto, os encontros inesperados, pessoas, paisagens, estados de espírito.
O grave nisto tudo, é perceber que algumas corridas se estão a tornar um recreio de massas indistintas, tal como a discoteca onde todos querem ir sem querer saber do dj, as corridas são lugares para se ser visto. E isto é só parvo, tonto até se precisamos de gente para encher as praças, se as que enchem estão assim, que fazer?
Não faço ideia, só sei que sempre aprendi que é com quem sabe mais que nos devemos comparar.
Na verdade, os gritos despropositados não chateiam assim tanto, nem os pedidos para música a torto e a direito durante as lides, nem os telemóveis a tocar incessantemente, nem as conversas intermináveis a alto e bom som, se não se levarem demasiado a sério. Lá está, as metáforas da vida.
Só é triste quando as faenas se perdem no meio da festa e só fica o alarido, o banzé!
E eis que nos aparece a pujante tauromaquia francesa, como uma brisa morna numa manhã de Primavera. E que público! O respeito, o conhecimento, a cultura taurina de que são possuidores… A total participação do público, sintonia perfeita com o que se passa na arena, e as praças cada vez mais cheias!
A aliança com música, canto, pintura, as artes em geral, Goya, simbiose perfeita de uma cultura muito própria daquela região francesa muito ligada a Navarra e seus costumes.
São tantas pequenas coisas que fazem o amor, não é? Não sou socióloga nem antropóloga, nem nada terminado em “óloga”, nem nada que me dê mais autoridade que a de simples observadora. E o que observo é um fantástico aproveitamento, em Espanha e em França, das obras de Goya e Picasso, ou de datas comemorativas por exemplo (Goyescas, Picassianas, Pinzonianas) e a sua a conjugação com a arte taurina e a música, que coisas bonitas de ver!
E o touro como elemento aglutinador, ao redor do qual se revive a tradição, alia a música, cultura e festa, porque somos pela abundância e pela alegria e por magia, sempre.
E depois existe o exemplo “Fundación del Toro de Lidia” (FTL) , iniciou um programa de recuperação de praças e novilhadas! Em 2019, já vão começar com 4 praças e vão chegar ás 10 em 2020! Estamos aqui perante um caso sério de sucesso e de fazer acontecer! O seu presidente Victorino Martín, e muitos, mas muitos valentões e valentonas que arregaçaram as mangas e começaram a tratar disto como assunto sério que é!
Mais, organizaram na Praça de Touros de Valencia, dia 9 de Outubro, o “Dia da Tauromaquia”.
Uma jornada intensa, na promoção, divulgação e defesa da festa dos toiros, onde além de espectáculos taurinos, recortadores e festival e encontro de aficionados e muitas coisas altamente necessárias á festa. Presentes os maestros, valentes e que deram a cara sem pedir um tostão, Fermin Bohórquez, Enrique Ponce, El Juli, José Maria Manzanares, Román, Álvaro Lorenzo, e o novilheiro Borja Collado.
“Tauromaquia para todos” e “Portugal sem touradas”, os títulos de dois dos projetos vencedores do Orçamento Participativo Portugal (OPP) a nível nacional.
O primeiro, tem um custo previsto de 50 mil euros, financiados pelo Orçamento do Estado. O mesmo orçamento que irá financiar – mas com 200 mil euros – o “Portugal sem Touradas”, outro dos projectos vencedores, mas atenção, vindo direitinho de grupos anti taurinos, provavelmente patrocinado pelo PAN.
Ok, ganhámos alguma coisa, óptimo, haja alguém que se mexa!
Bom… Já aqui disse que de “óloga” tenho muito muito pouco, de “polit” então, quase nada! Mas vejam se isto não faz sentido:
“Em política e sociologia, dividir para conquistar, (ou dividir para reinar), conceito utilizado pelo governante romano César (divide et impera), Filipe II da Macedónia e imperador francês Napoleão (divide ut regnes). Maquiavel cita uma estratégia militar parecida no livro IV de A Arte da Guerra (Dell’arte della guerra), dizendo que um capitão deve se esforçar ao máximo para dividir as forças do inimigo, seja fazendo-o desconfiar dos homens que confiava antes ou dando-lhe motivos para separar suas forças, enfraquecendo-as.”
Se a intenção é ganhar alguma coisa, nem que seja o direito de continuar a desfrutar do que gostamos, não entendo porque nos dividimos nós e nos “distraímos”, não deveria ser ao contrário?
E nem é preciso sequer tocar no assunto “pseudo-ministrinha-nem-sei-do-quê”, já teve tempo de antena mais que suficiente, e aqui vi alguma união..
E tudo isto, acreditem, não é uma crítica, antes pelo contrário, honesta e genuinamente uma forma apenas de tentar perceber e arranjar maneira que “isto” dure muito mais anos!
Por isto e muito mais, gosto tanto de gente com “nervo”, carácter e acima de tudo, independência, os que dizem o que todos têm medo de dizer porque não convém. Bolas, são tão poucos!
Quase todos os grandes têm essas ganas de ser o que são, gostar do que gostam e que se lixe, porque não conseguem carneirar, sofrem de muita coisa, ahhhhh mas a liberdade, essa é intrínseca, interna e nada mais que admirável. Cada vez associo mais a inteligência à liberdade. Pena que a maioria dos “likes” admire não os valentes, mas apenas os da moda, nem sempre pelos melhores motivos, mas na verdade sempre foi assim, não é? Vamos acreditar que o génio, do bom claro está, e o mérito, ainda estarão de moda e ainda darão muitos “likes”.
Que os deixem continuar a fazer-nos felizes e mais evoluídos.