Morante e Manuel Dias Gomes.
São os dois matadores que nos deixaram memórias fortes nas duas importantes corridas deste fim-de-semana.
A faena de Morante de la Puebla no festival de homenagem póstuma a Ricardo Chibanga foi magnifíco de uma forma estrondosa. Sem dúvida que foi a melhor de tarde de toureio a pé da temporada nacional, e em grande parte graças à forma como o
Maestro se encontrou a gosto com o seu oponente de Manuel Veiga, sacando daquelas chicuelinas que lhe conhecemos e dançando na muleta, como se fosse fácil, por ambos pítons e em redondo. Olé. Olé.
Não havia necessidade de mais nada para ter valido a pena ir à Chamusca.
Contudo, vimos bonitos detalhes de todos os outros matadores e mesmo dos cavaleiros-
Em praça estiveram João Ribeiro Telles, Tristão Telles Bastos e Vasco Veiga. Além de Morante, a pé estiveram também Fandi – que bandarilhou de forma impressionante – Manzanares – a quem saiu o pior dos curros – e Juanito. As pegas ficaram por conta dos Amadores da Chamusca e do Aposento da Chamusca.
No dia seguinte, domingo, mais uma corrida mista, desta feita na Moita. A manhã começou com bezerras de Canas Vigoroux para quatro escolas de toureio, com a praça aberta a quem quisesse vir ver os jovens que se preparam para ser o futuro da tauromaquia. As escolas foram as de Vila Franca de Xira, Moita, Azambuja e Montijo.
À tarde foi muito mais sério. Tivemos em praça Rui Salvador, Luís Rouxinol, Ana Batista, António Telles filho, Manuel Dias Gomes e Joaquim Ribeiro Cuqui. As pegas ficaram a cargo dos grupos de amadores da Moita e de Alcochete.
A tarde não foi de grandes lides a cavalo, mas Ana Batista esteve por cima do seu difícil touro sempre com a mesma montada, e Rouxinol trouxe alegria aos tendidos, enquanto Rui e António mostraram-se correctos e sérios no seu toureio. Foi a pé que vimos o melhor da tarde e de há muito, no que toca ao toureio nacional.
Manuel Dias Gomes teve temple, teve profundidade e teve ligação no seu todo de lide. Foi uma lide completa de grande nível que me arrepiou os braços e deixou um momento para recordar ante aquele Calejo Pires que serviu melhor pela direita, mas que foi muito prestável para esta grande memória que o espada nos deixou na Moita, com aquelas veronicas bem medidas e com a muleta redonda e em desplantes muy toreros.
Cuqui teve o pior oponente da tarde e não conseguiu deslumbrar-nos com ele, mas conseguiu mostrar como sabe da sua lide e deu-nos tudo o que o touro não nos podia dar.
Sílvia Vinhas
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