A nova líder do PAN quer abolir a tauromaquia e caça, qual é a novidade?
Lá está, o preconceito, nasce da ignorância e do medo. No alvo do preconceito está o desejo. O desejo de ter um bode expiatório, à falta de propostas populares.
As pessoas que estão necessitadas de causas, tornam-se perigosas! Adoptam uma qualquer que esteja na moda. Mais ainda se acharem que estas simbolizam a nossa sociedade “avançada”, com movimentos animalistas- urbanos- ideológicos- politizados, tudo o que era impensável há alguns anos atrás. O açúcar já foi ouro branco e hoje é comparado com a cocaína…
Se olharmos para a história da nossa relação com os animais, é que talvez o novo não seja a igualdade, mas sim a submissão. Por milhares de anos os homens estiveram em guerra com os animais. Finalmente, os homens passaram a dominá-los. E é essa relação de “dominação” que realmente distingue as pessoas e os animais (como afirma o conhecido Filósofo Gustavo Bueno).
São os próprios homens, esquecida esta velha relação tensa com os animais não humanos, que se submetem a eles através do desenvolvimento da sua própria civilidade, introduzindo-os no seio das cidades e dando-lhes cuidados e funções que os animais nunca pretenderam.
É patético aceitar que a história que nos conduziu a esta massiva servidão voluntária, seja a do “progresso moral” da humanidade. Como é patético chamar filhos aos animais.
Problema? Esta gente está muito organizada, e cada vez tem mais força, e nós a assistir de bancada.
Por falar em assistir de bancada, no Sábado passado aconteceu o Protesto “Juntos pelo Mundo Rural”, em Lisboa. Um grande olé para os organizadores!
E fica a pergunta, porque raio não estavam lá os profissionais todos que giram em torno da tauromaquia? E as Associações? (excepção devida à Associação Nacional de Grupo de Forcados, que se por eles não fosse, nem da tauromaquia se falava na manifestação).
E porque raio não estavam lá todos os aficionados? Mas todos! E não me venham dizer que não sabiam, etc., vi isto ser anunciado em vários sítios..
Garanto, estaria bem melhor na praia, é certo, mas não fui educada assim. Não ganho nada com isto, mas sou muito interessada em que tudo isto não termine por meia dúzia de filhos de laranjeiras mal enxertadas!
Não chega só achar que não vale a pena, que outros farão alguma coisa, não chega mesmo…
Já levo uns anos desta vida a pregar certas coisas, lutar gratuitamente por uma paixão, arcar com as consequências, as limitações, as dores de cabeça. Mau mau, é o velho hábito de nos acomodarmos com tudo! Dá trabalho, mas ainda acredito em causas maiores! Uma delas, é a Tauromaquia! Não tendo nadinha contra ficar de braços cruzados, só acho parvo, muito parvo!
Alguns acreditam mesmo que o universo conspira a nosso favor, claro, é que o universo não tem mais que fazer. Parece síndroma de influencer que acredita que o que importa é aparecer em fotos- pessoas, vamos pensar em grupo agora só um bocadinho, acham que pode ser?
Por tudo isto adoro gente que se une para manter tradições, e por muitas voltas que o mundo dê nunca me habituarei a pessoas que aprendem a (con) viver com a superficialização da vida e acatam o que as incomoda apenas porque dá menos trabalho (tenho cá para mim, que deve ser genético).
Por falar em gente com nervo, como não falar na Dra. Inês Louro, que para mim, merece todo o respeito por muita coisa, mas principalmente por ser uma pessoa coerente. É o que se espera de um autarca de uma terra como a Azambuja, digo eu!
Como Presidente da Junta de Freguesia da Azambuja apenas diz que “terá em consideração na escolha dos artistas o facto de se terem ou não manifestado contra as tradições”. Depois de uma moção assinada por 240 artistas, que pedem o fim da transmissão das touradas na RTP, parece-me o mais lógico, até para salvaguarda da imagem dos mesmos artistas! Ora, se eu não gosto de boxe, quero que ele acabe, e aceito um convite para ir cantar a uma festa de boxe? Para além de tonto, seria pouco digno (e não só pela minha ausência de dotes vocais).
Os políticos, ahhhhh os políticos, sabemos que os há taurinos e os que defendem as suas tradições culturais, mas tirando nem meia dúzia, não querem dar a cara não vá ser o caso de perderem um “votozinho”.
A juntar a esta “bomba”, a decisão espetacular da proibição de transmissão de corridas de toiros na RTP. Mas então, para que raio pagamos nós isto? Só para alguns? A mim, não me agrada nada passar os dias a ser bombardeada com números Covid, vacinas, palhaçada da Champions, imagens dos desgraçados dos Britânicos a fugir das suas férias no Algarve – corridas de toiros é que não pode ser. Obrigada RTP por continuarem a elevar os padrões nesta ditadura! Como assim, estamos em Democracia? Não se nota nada!
E a Autoridade Regional de Saúde limita lotação da Praça Celestino Graça, em Santarém, à última hora e deixa iniciativas em suspenso. Isto pode acontecer? Em Democracia, se calhar não…
Vamos sempre parar ao mesmo. O maior dos erros começa quando se separa a inteligência da liberdade no que diz respeito aos gostos de cada um. A independência continua muito interligada a preconceitos quando falamos de convicções.
Um grande olé para esta Democracia de meia tigela!
Ester Tereno