Termina hoje mais uma edição daquela que é a mais carismática Feira do Cavalo Lusitano.
Todos os anos, no pico do Outono e por ocasião do S.Martinho se realiza na Golegã o evento nacional de maior destaque, alusivo ao cavalo Lusitano e toda a envolvente da sua existência.
É neste acontecimento que podemos presenciar, uma vasta panóplia de actividades que elevam o cavalo Lusitano ao carácter soberano que lhe é merecido.
Coudéis, ganadeiros, cavaleiros, toureiros, atletas, e todos os escalões ligados ao cavalo e ao toiro fazem questão de marcar presença, como forma de reconhecimento desta nobre raça, de rara beleza que é, o Lusitano.
Orgulhosamente podemos referir Portugal como o berço da raça, onde ainda actualmente se reproduz e onde se trabalha para fazer valer a empatia que este animal facilmente cria com o cavaleiro, demonstrando uma generosa versatilidade.
Uma vez entendido o cavalo Lusitano na sua génese, encontramos fabulosos animais cuja coragem, força, agilidade e docilidade permitem a sua dedicação a actividades tão variadas, como o desporto, a alta escola ou o toureio.
Por outro lado e dadas as circunstâncias, este evento traduz-se numa importante dinâmica comercial, não apenas para a Vila da Golegã em geral, mas para os participantes em particular, que encontram reunidas condições para um especial foco de comercialização, onde a procura e a oferta se conjugam num cenário em que todos dominam o tema “cavalo”.
Naturalmente, falar da Feira da Golegã é falar da vaidade, do brilhantismo e da ostentação que faz gala em marcar distâncias, entre duas classes que não se cruzam. Assistimos ao desfile de cavalos, casacas, chapéus em figuras mais, ou menos conhecidas que fingem não ver uns quantos pares de olhos embevecidos à sua passagem. Ainda assim, as verdadeiras figuras descem por vezes das montadas e deixam-se fundir na multidão onde conseguem receber de forma genuína palavras de apreço e de mérito.
Mais do que as exibições desportivas, mais do que o propósito comercial, e sobretudo mais do que a vertente de ostentação, a Vila da Golegã vê-se envolvida numa atmosfera enigmática em que o frio e fumo dos assadores são elementos essenciais à vivência de uma realidade distinta, acolhedora e com um cariz muito próprio.
Efectivamente, esta Feira, esta Vila, são sinónimo de convívios, de reencontros, de competições, onde este ano pudemos presenciar concursos de diversas modalidades como provas de saltos, de obstáculos, de resistência, de atrelagem, entre outras, assistimos também ao Open de Horse Ball, contámos com a participação de figuras sonantes em exposições, apresentações e fóruns… tudo enjeitado num cartucho de castanhas assadas e no aconchego das guitarras, ou não fosse o fado um grande amigo da Festa.
Ana Paula Delgadinho