Estiveram programadas, para o passado dia 27 de Junho, uma série de marchas pelo direito à nossa cultura, organizadas pelos forcados portugueses. O coronavírus, claramente uma criatura anti-taurina, impediu a realização dessas marchas que iriam juntar, em diversas localidades do nosso País, milhares de pessoas, a demonstrarem que estamos aqui.
Essa demonstração de força foi adiada exclusivamente por causa do sentido cívico da Festa Brava, que receou a criação de possíveis focos de contágio de Covid19. O sentido cívico, algo que é pedra de toque para qualquer pessoa civilizada. Devemos, por isso, ter surpreendido a ministra da Cultura, Graça Fonseca, que já nos apelidou de gente incivilizada. Devemos também ter surpreendido o PAN, o partido que se vai partindo por dentro de dia para dia, tal é o grau de tirania da sua direcção… Mas a este surpreendemos por falta de arrogância da nossa parte, a mesma arrogância de que se arrogou a sua ala política ao permitir aglomerações de pessoas para, por exemplo, o 1º de Maio. Porém, surpreendemos também os aficionados, que desejosos de mostrarem que estão aqui, que existem, são portugueses e são dignos de respeito, ficaram divididos pela decisão, de última hora, de não se realizarem as marchas ou concentrações pela reabertura das nossas praças de touros. Reabertura essa que até já aconteceu, ou não tivesse sido na Praças de Touros do Campo Pequeno que se realizou o primeiro espectáculo cultural pós-confinamento, com a presença de Presidente da República e de Primeiro-Ministro.
Se é possível organizarem espectáculos musicais como aquele do Bruno Nogueira, num praça de touros, também se tem de aplicar as mesmas regras ao público par assistir a uma corrida de touros. Os forcados foram o principal argumento para que a temporada taurina não fosse desconfinada. Porque todos os outros argumentos caíram por terra mais facilmente, ficando a Direcção Geral de Saúde (DGS) com a bandeira do grande número de elementos que têm de estar em praça para as pegas.
Porém, os clubes de futebol estão a jogar. Portanto, é mais uma falácia, e por isso os pedidos de reunião com a DGS caíam em saco roto até um forcado e três cavaleiros se acorrentarem ao Campo Pequeno. só então foi agendada a reunião em que os forcados podem explicar à DGS as soluções viáveis para o problema que não existe.
Contudo, a interlocutora omnipresente, outra dona Graça, essa, mantém-se a recusar barretes de forcado e a aceitar livros sobre tauromaquia em pegas a sesgo, mas sem aparecer para reunir e falar com a área que tutela. Graça Fonseca assumiu desde sempre que não só não é taurina – o que não é um defeito, é um gosto – como é anti-taurina – o que é um defeito, porque está à frente de uma área política tendo como objectivo eliminá-la, impondo o seu gosto, ao melhor estilo das ditaduras democráticas: pela calada.
Na verdade, o estilo da ministra é o de Judas, lavando as mãos e sacudindo o assunto para a DGS, de modo a que possa atrasar e atrasar e dificultar e dificultar e perturbar e perturbar o mundo taurino. O que ela está a fazer é o oposto do que qualquer titular da cultura deve fazer, aliás o que qualquer pessoa culta evita fazer: um auto de fé. Travestiu-se de inquisidora-mor e aponta o dedo à tauromaquia, eliminando-a do rol da cultura da sua Nação, fingindo que não tem nada a ver com o que se passa no seu pelouro, entregando o mundo taurino ao que espera ser um esquecimento, apagando a memória dos touros através de uma falsa moralização e do aproveitamento do Covid19.
Os autos de fé serviam para os hereges se arrependerem e se converterem a coisas em que não acreditavam e que lhes eram culturalmente estranhas, aconteceram milhares de autos de fé na época mais negra da História cristã. Levaram, por exemplo, a judeus inventassem a alheira, pois para parecer que comiam carne de porco tinham ao fumeiro aqueles enchidos, semelhantes aos outros, mas recheados de tudo menos de porco. Essa clandestinidade de ritos é ao que esta ministra nos quer votar.
E com a cumplicidade do Governo em que está integrada. É a clandestinidade que fica representada em iniciativas – nobres, mas a pecarem por excesso de zelo – de criar iniciativas taurinas em propriedades privadas. Não é o futuro de enchidos de carne de aves que queremos para a tauromaquia. O caminho não pode ser uma solução marginal do tipo: não temos corridas nas praças, mas temos em casa. Dentro de nossa casa ninguém manda, não é o futuro que se deseja, o que está correcto é lutar pelas praças de touros outra vez cheias! E não é com concertos do Bruno Nogueira.
Não temos de ser considerados portugueses de segunda, nem incivilizados, nem nada que seja de qualquer modo depreciativo pelo Estado português, porque fazemos tanto parte desta Nação como qualquer pessoa a quem o espectáculo taurino possa ser indiferente ou mesmo feio. Eu não gosto de ver futebol, não aprecio esse desporto e creio que traz ao de cima o pior das pessoas que estão a assistir, mas nunca mexi ou mexerei uma palha que seja pra o impedir. Porque também é parte integrante de ser português gostar de pertencer a um clube e torcer por ele quando joga. Isso faz de mim uma pessoa mais civilizada do que a ministra que em vez de trabalhar em prol do pelouro que detém neste Governo, tanta ditar-nos o seu gosto pessoal, e se ela foi convidada para este cargo que ocupa foi porque quem a quis lá também tem essa agenda oculta.
Não nos equivoquemos, a desinformação está a imperar e há que lutar para que não venhamos a ter de ter vergonha de gostar de touros. A participar à porta fechada em eventos taurinos ou a ver profissionais e empresas deste âmbito a desaparecerem de cena. As marchas terão de ser reagendadas e, para já, a grande manifestação já tem data marcada e cartazes postos na rua. Dia 11 de Julho realiza-se uma corrida histórica. Todos os que nela participam ficarão para os anais de Portugal, como a primeira corrida de touros depois do desconfinamento, aquela que ninguém dos anti-taurinos queriam que acontecesse, a que representa a derrota da luta deles em não impedirem nem mais um dia que as praças estejam fechadas. Mesmo sem ter bilhete devíamos lá estar todos. Do lado de fora, devia ser televisionada para quem está no exterior da praça, em directo, para que pudéssemos ver o curro de Vinhas a ser lidado – no ano em que a ganadaria celebra o septuagésimo aniversário – por Rui Salvador, Amtónio Brito Paes, João Moura Caetano, Manuel Telles Bastos, Emiliano Gamero e Parreirita Cigano, com pegas a cargo dos grupos de Arroches e Académicos de Elvas, são estas as figuras que dão a cara nesta corrida da Resistência. Corrida que é a mais importante dos últimos 70 anos e à qual ninguém deveria faltar, mesmo que saiba que é para ficar na rua, mostrar que estamos com as nossas corridas é defender a nossa cultura, que corre perigo de vida.
Sílvia Del Quema