Entrevista: Dr. Joaquim Grave
20 Janeiro 2013
Galeana
Em jeito de inauguração da nova rubrica de entrevistas do Sol e Sombra, a qual apelidámos de Tertuli’ Ana, é nossa forte intenção abrir com chave d’ouro.
Preparámos uma abordagem a partir de um conjunto de perguntas que não sendo molestas, fossem substanciais e convidámos o ilustre Dr. Joaquim Grave a responder.
É com enorme gosto que assim nos estreamos nesta rubrica, muito pela sensibilidade que tivemos em perceber que o interesse das pessoas vai para além das corridas de Toiros. O público gosta de conhecer os homens e mulheres, que estão para além dos artistas, e assim perceber quem são os intervenientes da Festa; Quem é o ganadeiro e o que faz? Como gere a sua ganadaria? Quem é o cavaleiro? Como se movimenta dentro e fora da Tauromaquia?
O Dr. Joaquim Grave, distinto ganadeiro, médico veterinário e orador recebeu-nos atenciosamente em Galeana, singular e carismática herdade onde vive a sua ganadaria.
A ganadaria Murteira Grave é hoje uma conceituada e prestigiada ganadaria, quão difícil foi conquistar este prestigio no panorama taurino nacional?
Foi de facto bastante difícil, ainda que me tenham tocado apenas os últimos 10 anos.
A obra, a principal obra desta ganadaria deve-se ao meu pai, Joaquim Murteira Grave, filho do fundador, o meu avô, Manuel Joaquim Grave.
O meu pai teria cerca de 22 anos no ano em que o meu avô comprou a ganadaria em 1944, e é ele sem sombra de dúvida o artífice do Toiro Murteira Grave. Foi ganadeiro durante cerca de cinquenta a sessenta anos, felizmente teve uma vida inteira para expressar o seu sentimento no Toiro.
Os ganadeiros, por vezes,são tentados por situações economicistas pontuais, que quase nos convidam a apresentar um Toiro que não esteja 100%, mas não podemos, não devemos. Não se pode fazer isso, o respeito pelo público é fundamental e o toiro tem de estar sempre a 100%.
O meu pai enveredou em boa hora por esse caminho e eu não tenho outra alternativa, senão seguir essas pisadas. Um nome, uma marca, custa décadas a construir, mas pode-se perder em duas ou três atitudes menos sensatas.Quando pergunta se foi difícil, digo-lhe que foi, sobretudo, demorado. A marca de seriedade que é a Murteira Grave demorou muito tempo a fazer, décadas.
Quais são as principais adversidades em manter hoje uma ganadaria?
A principal dificuldade sentida é, sem dúvida, o preço reduzido do Toiro.
O Toiro baixou muito o seu preço, vale hoje cerca de 50% do valor que tinha há dois ou três anos. Ainda há excesso de oferta em relação à procura e os ganadeiros são obrigados a reduzir o valor para não ficar com os Toiros em casa. Assistimos, de forma natural, à lei da oferta e da procura, estas situações têm por vezes o condão de pôr as coisas no sítio, ficarão os ganadeiros que têm de ficar e desaparecerão os que tiverem que desaparecer.
Agora, tudo isto é muito difícil e requer uma afición e uma paixão enorme, porque não é uma actividade lucrativa de maneira nenhuma, antes pelo contrário. Fazer um Toiro custa em termos médios cerca de €2.500/3000, variando este valor, segundo as características de cada exploração; ora os Toiros em Portugal, nem metade dessa quantia valem, praticamente.
O valor do Toiro tendencialmente baixo, pode estar influenciado pela entrada das ganadarias espanholas em Portugal? Temos mercado para ganadarias portuguesas e espanholas?
Neste mercado deve imperar a qualidade.
Não me revejo na posição contra ganadeiros espanhóis, até porque toda a minha vida lidei em Espanha, sou da opinião de que o trânsito deve ser feito nos dois sentidos, absolutamente.
A memória dos homens é curta. Em Portugal ninguém se queixava quando se lidavam seiscentos ou setecentos Toiros portugueses em Espanha há uns anos atrás, aí queixaram-se os espanhóis. Nessa época, pode considerar-se que os portugueses foram abaratar os Toiros a Espanha, exportaram-se corridas muito baratas.
Deste modo, não vejo que seja por aí que vem mal ao mundo, desde que as ganadarias que venham tenham qualidade, embora esse seja um factor transversal ao dois países. Haverá ganadarias em Portugal com qualidade, outras que não terão tanta e em Espanha é igual. Como sabemos, no Toiro nunca há certezas, fazendo uma analogia com os melões, só se sabe o que lá está depois de abrir.
O que defendo, inequivocamente, é que haja igualdade de requisitos nos dois países para exportar. E, nesse particular, temos que dizer que os portugueses estão em desvantagem. Os espanhóis entram, praticamente, sem qualquer requisito; essa situação está devidamente salvaguardada no novo regulamento que está na gaveta há dois anos e não sai. O responsável é o secretário(a) de estado da cultura. Perguntem-lhe porque não sai o novo regulamento.
Tenho visto excelentes corridas espanholas aqui em Portugal e pugno para que continue a haver liberdade de trânsito nos dois sentidos.
O encaste próprio que procura manter actualmente, surge de uma sucessão de cruzamentos com sementais de várias linhas, tendo começado com o encaste Gamero Cívico passando pelas principais estirpes de Parladé, como Tamarón, Rincón e outras. Todo este processo é para si intocável, ou se tivesse oportunidade teria intercedido? Em que fase e de que modo o faria?
Como diz e bem, a base começou com vacas do Sr. Pinto Barreiros que era Gamero Cívico, não totalmente puro porque o Sr Pinto Barreiros também tinha Félix Suárez que era Santacoloma, mas vamos considerar como base, Gamero Cívico. Mais tarde, em 1958, quando o meu pai tomou posse da ganadaria, quis comprar mais vacas, mas o Sr. Pinto Barreiros não se mostrou disponível para vender, foi então que o meu pai foi a Espanha onde sabia que iria encontrar vacas da mesma linha.
Nos anos 70, comprou dois sementais da linha Rincón Nuñez, nos anos 80 comprou um Toiro ao José Luís Vasconcelos da linha Tamarón pura, também Parladé a que chamamos o encaste Coimbra, depois comprou outro Toiroà ganadaria Caetano Muñoz com ferro do Paquirri também de encaste Nuñez, mas da linha Villamarta.
Depois comprou dois sementais ao Juan Pedro Domecq em 94, em 95 comprou 30 vacas aos irmãos Nuñez e mais um semental Nuñez, e em 2002 deixou-me a ganadaria.
Podemos ver que, o meu pai foi mantendo praticamente sempre a mesma base de vacas, mas foi refrescando e introduzindo sementais das várias linhas de Parladé.
Tudo o que comprámos era Parladé em 1910 mas, naturalmente, uma ganadaria na mão de várias pessoas vai-se modificando porque os ganadeiros têm todos sensibilidades diferentes. Um encaste ainda que seja único, se se divide em vários ganadeiros, ao fim de uns anos irá gerar linhas completamente diferentes e foi isso que aconteceu com a Parladé.
Hoje, podemos dizer que o meu pai introduziu várias ramas de Parladé e eu a partir de 2002 tenho feito a mesma coisa, não introduzi fêmeas, mas já introduzi sementais também de fora, mas sempre na mesma rama Parladé, em concordância com o processo que vinha sendo levado a cabo até aqui.
É conhecido o rigor na selecção das reses em Galeana. Quais são os factores determinantes para a eleição das novilhas?
Bom, sabe que o conceito de bravura é evolutivo, além de subjectivo.
Um Toiro bravo para mim há 10 anos, provavelmente, já não é o bravo que eu quero agora. Neste momento o que eu pretendo nas minhas reses, neste caso na fêmeas que aprovo na tenta, ou nos machos que aprovo para sementais, é que sejam bravos.
Ora bem, o que é para mim um animal bravo? é um animal que tem várias características, tem fijeza, tem mobilidade, tem prontidão na investida, humilha, tem recorrido, tem ritmo na investida, repete com motor e repete com transmissão.
Um Toiro não pode apenas “passar”, tem que investir, tem que querer colher os enganos, neste caso a muleta, sempre por baixo, mas sempre com mucho carbón, como dizem os espanhóis. No fundo, isso é investir com transmissão, a bravura para mim não está no temperamento do animal, a bravura está na entrega.
O que eu peço a um animal é que se entregue, que seja nobre. O termo nobreza, está normalmente associado a suavidade. Não considero assim, nobreza está relacionada com rectidão no ataque. Suavidade é outra coisa. O Toiro tem que vir pelo caminho dele, não pode ser traiçoeiro, não pode ser reservão, não. Na investida, o Toiro deverá fazê-la com um galope franco, seja para o cavalo, seja para o forcado, seja para a muleta. Depois,quando chegado à jurisdição, deve humilhar e mostrar mobilidade no centro da sorte, porque nem toda a mobilidade é boa. Por vezes, saem Toiros com mobilidade mas não têm classe, não humilham e é uma carga de trabalhos…
Um Toiro bravo nunca é fácil, se bem que a bravura tem vários graus. Um Toiro bravo, no topo no grau mais elevado, é sempre difícil e só pode ser dominado e toureado por toureiros muito capacitados, quer tecnicamente, quer em termos de valor.
Mas como dizia, o Toiro tem que ser nobre, não tem que ser suave, antes pelo contrário. Ocasionalmente, é bonito ver um Toiro suave quando há um toureiro muito artista, mas o Toiro que eu procuro tem que ter transmissão na sua investida, e um Toiro que tem transmissão na sua investida não é suave. Se tivermos só suavidade, a arte do toureio será afectada, ficará amaneirada o que é, para mim, o princípio do fim de muitas artes.
O Toiro Murteira Grave pede cavalo, ou muleta?
Eu gostaria mais de ver lidar a maioria dos meus Toiros de muleta, porque acho que há mais interacção entre o toureiro e o Toiro.
Empolga-me muito mais ver, uma faena de muleta onde podemos assistir facilmente a cinquenta ou sessenta investidas. Entusiasma-me de uma forma quase doentia, poder deleitar-me com o tipo de investida de cada Toiro. Se numa faena de muleta temos cinquenta ou sessentainvestidas, numa lide a cavalo assistimos ao Toiro não a investir, mas a perseguir, persegue com a cara alta. É mais fácil correr com a cara alta atrás de um cavalo, do que investir cinquenta vezes com a cabeça baixa à procura da muleta. É outra exigência física.
Atenção! Também me divirto muitíssimo com o espectáculo à portuguesa; desde que me ponham um Toiro bravo à frente, divirto-me sempre.
Elege habitualmente o/os melhores exemplares da camada?
Não tenho esse condão.
Se tivesse esse condão estaria rico. Não há ninguém que possa dizer aquele Toiro vai investir bem ou vai investir mal.
Enquanto ganadeiros, podemos eleger as corridas estrelas, em termos de morfologia, chamamos-lhe a “cabeceira da camada”, os mais imponentes de trapio, os mais espectaculares, que não são necessariamente os mais bravos.
O que podemos prever, ainda que com muita falibilidade é,em função do pai e da mãe, qual será a percentagem de poder vir a ser bravo. Mesmo se for filho do semental que dá uma percentagem considerável de animais bravos, e de uma boa vaca que se aprovou na tenta, não significa garantidamente um filho bravo, até porque pela experiência, verifico que em filhos de semental muito bravo e vaca muito brava, a descendência falha. Prefiro que haja uma décalageem termos de mérito genético (bravura) entre os dois progenitores.
Se ser ganadeiro, fosse pôr um Toiro bravo com a vaca brava e esperar tranquilamente que os filhos fossem bravos, então ninguém tinha mansos!
Qual foi para si o melhor exemplar da toda a era Joaquim Grave filho?
Bem, ainda que seja um novilho, da lide a pé talvez me fique com o novilho de Mourão do ano passado. Aquele novilho teve de facto tudo o que eu procuro. Não era realmente um Toiro, faltava-lhe algum trapio, mas era um novilho que ao nível do comportamento merece a minha escolha.
Se falarmos em termos de conjunto, diria o último Toiro da corrida do Redondo em 2012 que foi espectacular, ou o Toiro do concurso de Évora também em 2012. Felizmente nestes últimos 10 anos tenho lidado muitos novilhos e Toiros bons, mas os que me ficaram na retina são estes que enumerei relativamente a 2012.
Imagine que sai à Praça o melhor exemplar da camada, quem o lidaria?
O Morante de la Puebla.
Teme por um amigo, se o vir lidar um Toiro seu?
Temia por um amigo meu se o visse a lidar um Toiro meu, ou de qualquer outro ganadero.
Quais os prémios mais relevantes com que a Ganadaria foi agraciada, sabendo que o da Feria de Sto Isidro foi um dos mais importantes?
O prémio do Toiro mais bravo da feira de Pamplona, o prémio do Toiro mais bravo da feira de Bilbau, a corrida mais brava da feira de Pamplona e a corrida mais brava da feira de Bilbau. Felizmente temo-los todos.
Gostaria de ter o Toiro mais bravo da feira de Sevilha, e a corrida mais brava da feira de Sevilha, embora reconheça ser difícil acontecer, só em 1992 é que Murteira Grave lidou uma corrida na feira de Sevilha.
Felizmente, das praças de maior prestígio, Bilbau, Pamplona e Madrid, o meu pai nos anos 80 conseguiu trazer esses prémios.
Quantos curros Murteira Grave serão lidados em 2013?
Conto com 5 curros completos, mais 2 Toiros em Vic Fezensac em França para um concurso de ganadarias, e alguns outros para concursos de ganadarias nacionais.
É assim que conto lidar os 40 toiros que tenho este ano.
Quais as principais praças a que estão destinados?
Além dos 5 novilhos em Mourão, 1 novilho em Vila Viçosa e outro em Serpa, tenho uma corrida vendida para Portalegre e os dois Toiros para Vic Fezensac. Há outros contactos, mas nada concretizado.
Os factores de motivação, que o levam a manter a ganadaria, têm o peso de um legado?
Não, não é só um legado, é muito mais do que isso.
Não me vejo sem ser ganadeiro, tenho de facto uma paixão muito grande pelo que faço, sinto-me um privilegiado em poder escolher e criar um Toiro único. Não quero com isto dizer que é o melhor Toiro. É um Toiro único, porque é segundo os meus métodos e critérios de escolha.
Moldar um animal, selecionar o seu comportamento é, para mim, um grande prazer. Persigo a bravura quase doentiamente e tenho a obsessão em trabalhar para que saiam Toiros verdadeiramente bravos ou, pelo menos, com uma percentagem muito alta de bravura da minha casa.
A alegria de ver um Toiro a investir bravamente e com raça na praça como nós idealizamos, é muito emocionante. Emociono-me quase até às lágrimas. O Toiro não está dotado nem anatómica nem fisiologicamente para lutar durante 15 minutos. Os bovinos, enquanto espécie e no passado, lutavam pela hegemonia sexual das vacadas, lutas sem dúvida intensas, mas muito breves (1 a 2 minutos). Actualmente, ao Toiro bravo, pede-se-lhe que dure 15 minutos investindo! Repare, o que é natural é a mansidão, a bravura é um milagre, sim um milagre zootécnico!
Confesse-nos algo que queria muito ver concretizado neste ano de 2013.
Em termos taurinos?Gostaria de ver as praças com mais público e voltar a conquistar o mercado em Espanha o que, nesta fase, já será difícil.Mas o que gostaria mesmo, era ver a grande maioria dos meus Toiros a investir como eu sonho, esse seria o maior prémio.
O que é que a grande massa de aficionados julga que sabe sobre o Toiro bravo?
Massa de aficionados é um termo difícil, porque nas bancadas de uma praça de Toiros senta-se o público em geral e os aficionados. Estes aficionados,que se podem dividir em vários grupos, são sempre escassos em relação ao total de público.
O público em geral tem reacções espontâneas que são muito verdadeiras e muito válidas, o público aficionadoestá mais numa de juiz fazendo por vezes apreciações frias, que podem perder por excesso de pragmatismo.
O toureiro que está lá em baixo na arena a tourear e a expressar a sua arte, se se entregar e for capaz de transmitir às bancadas a emoção que está a sentir, o público reage imediatamente, enquanto os aficonados que vêem o toureiro não espontâneamente, mas olhando ao seu historial, podem gerar impressões preconceituosas. Na minha opinião, o aficionado deve despir-se de todos os preconceitos quando entra na praça, e ver cada toureiro como se fosse a primeira vez.
Obviamente, divirto-me com muitos toureiros; o que lhes peço é que cada um dê o seu melhor de forma honesta e seguindo a sua linha. Nem todos têm que ser como o Morante dela Puebla. O toureio é um arte, mas nem todos os toureiros são artistas.
Muitos aficionadosque se dizem cabais, exigentes, apreciam as faenas numa base nostálgica e saudosista. Repetem até à exaustão que antes é que era bom. Costumo dizer que têm muita fé, já que acreditam em coisas que nunca viram… Pessoalmente, defendo que o segredo da Tauromaquia, é a sua contínua evolução.
O Toiro está sempre a mudar, relativamente a este animal não temos que recuperar nada, temos tudo para inventar. Em termos de toureiros, é um pouco diferente, temos toureiros fantásticos, mas os jovens quando começam fazem-no com demasiadas cautelas e com exigências inaceitáveis. Muitas vezes começam como deveriam acabar…
Quando falamos em Tauromaquia, qual é a primeira palavra que lhe surge?
Toiro e toureio.
Quando algo corre menos bem, mantém a postura ou a sua personalidade é de alguma forma visível?
Não sou capaz de disfarçar.
Nessa situação sou dos tais aficionados que têm o coração muito perto da boca. Se algo está a correr mal, por exemplo se um Toiro meu colhe um toureiro fico muito, muito incomodado. Não gosto nada! Fico assustado, não por me sentir responsável, mas fico muito incomodado. Quando isso acontece, vou de imediato saber o que se passa. Como o ano passado em Madrid, quando o toureiro foi colhido, a primeira coisa que fiz quando saí da praça, foi ir ao hospital ver se o via. Ainda o apanhei à saída da sala de operações, dei-lhe todo o meu apoio.
Por outro lado, quando os Toiros estão a sair mansos fico incomodadíssimo também, mas aí já me sinto responsável perante o público por estar a apresentar um produto que não está a possibilitar o êxito. Enfim, são feitios.
Mas a vida é mesmo assim, ser ganadeiro, é saber suportar com tranquilidade quando nos saem Toiros mansos e não embandeirar em arco quando eles saem bravos, porque quando saem bravos temos de ter muita cautela, é sinal que ficaram alguns mansos no campo, e quando saem mansos também confortar-nos porque ficaram os bravos no campo.
Se as suas palavras chegassem a toda a aficíon, o que diria?
Diria que quando vissem uma corrida, entrassem limpos de cabeça e não olhassem só para o toureiro, que olhassem para o Toiro. Porque se olharem para o Toiro, vêem o que o toureiro faz com o Toiro, e se olharem só para o toureiro, só vêm metade da corrida. Fica o bilhete mais caro!
Quem é Joaquim Grave?
Sou uma pessoa que se interroga continuamente sobre a possibilidade de melhorar o meu desempenho, quer como pessoa, quer como ganadero. O caminho faz-se ao andar…
Julgo ter uma estrutura interior forte, (o que não me impede de chorar) mas, simultaneamente, inquieta. “Viajo” muito nesse meu mundo imaginário e procuro estar atento a tudo o que é belo e me rodeia. Quero ver a vida como um grande poema…afinal de contas, sou um boémio de espírito.
Ana Paula Delgadinho