“A segunda da Feira da Moita” correspondeu à 11.ª etapa do Ciclo de Novilhadas das Escolas de Toureio. Mais uma em que faltaram verdadeiras revelações e sobrou a falta de garra que devia ser o primeiríssimo ponto de partida para qualquer “miúdo com o sonho de toureiro”. Houve, ainda assim, alguns momentos de interesse entre o “pouco” que se viu. Muito toureados ou pouco toureados, oportunidades não têm faltado a estes jovens, pena que não as tenham (pelo menos até aqui) agarrado da melhor maneira.
A Escola de Toureio de Vila Franca de Xira foi a primeira a apresentar-se em praça. Pedro Noronha teve pela frente um novilho de divisa Núncio. O jovem com muita presença, recriou-se nas verónicas e foi autor de um bom tércio de capote, a que se somou um quite por navarras. Dos dois pares de bandarilhas foi melhor o segundo já que o primeiro ficou um pouco traseiro, mas ainda assim, ambos com boa técnica. Na muleta andou correcto nas séries pela mão direita, escolhendo os terrenos com bom critério. Vendo o Núncio investir sempre por dentro, não encontrou facilidades, pelo que à sétima série – já com o novilho a procurá-lo, adornou-se por manoletinas e terminou uma faena esforçada e com algum donaire.
João Rodrigues foi o aluno da Escola de Toureio da Moita a actuar “em casa”. Quis começar com uma larga cambiada de joelhos mas o novilho colheu-o e a exuberante sorte não teve o efeito pretendido. Isto não o impediu de executar o tércio de bandarilhas mais bonito da tarde, ao qual o conclave reagiu com forte aplauso. Na muleta o vento e a parca força do novilho de Cunhal Patrício trouxeram-lhe dificuldades. A verdade é que apesar da escassez de forças o novilho tinha boa condição mas o jovem diestro não o entendeu. Baixando-lhe a mão em demasia não conseguiu ligar faena. Melhor a partir da sexta série pela mão esquerda às três seguintes, a última das quais por manoletinas.
Pela Escola de Toureio do Campo Pequeno apresentou-se Rúben Lopes, que dos três foi o que se mostrou simultaneamente mais garra e menor técnica. Teve pela frente um novilho de São Torcato feio de cara mas que tinha raça e transmitia. Foi mais feliz no tércio de capote por verónicas e menor na muleta onde lhe faltou dar as distâncias adequadas ao novilho.
No toureio a cavalo houve mais para ver…
Alexandre Gomes foi esperar o novilho de Lampreia à porta dos curros, levando-o para um bom primeiro comprido à tira. Menos ortodoxo no segundo, tentou, dali, ligar-se ao oponente na brega a compasso lento, a que somou um bonito recorte e mudança de mão. Nos curtos andou correcto e obteve boas reuniões ao estribo. Ao quarto procurou o adorno do violino e viu-se-lhe no rosto a desilusão pela má execução. Encastou-se, cravou um bom ferro de frente e somou-lhe um violino a adornar e fechar a lide.
Não foi uma boa tarde para Rouxinol Jr. Apesar de se ter notado sempre uma serenidade no rosto equivalente a grande maturidade, as coisas não correram bem. No segundo comprido o toiro atravessou-se e colheu a montada e viu-se que o ginete entendeu as dificuldades que tinha por diante. De facto o bonito exemplar de Cunhal Patrício adiantava-se nos terrenos e o jovem não conseguiu estar-lhe por cima. Partindo sempre de frente, andou com demasiada pressa e as reuniões nem sempre foram ortodoxas. Ainda assim teve o mérito de “nunca perder os papéis” e manter o esforço para equilibrar o quadro até ao fim.
Jacobo Botero foi autor da peça mais bonita da tarde. Andou templado dos cites, adornando mesmo nos momentos em que dava tempo ao Passanha entre as sortes que logrou executar ao estribo e em plano de artista. Leu perfeitamente o novilho e soube aliar o adorno de uma brega a dar cova às abordagens acometendo, quase todas de reunião justíssima. Agradou verdadeiramente ao conclave e fechou com chave d’ouro.
Pelo Aposento da Moita fardaram os mais jovens elementos.
José Maria teve vontade e ficou ao primeiro intento apesar de o novilho não ter levantado a cara depois da reunião, bem adjuvado pelo grupo. Leonardo Matias esteve determinado a corrigir-se e a consumar ao segundo intento, apesar de o novilho não ter entrado franco e ter adiantado um piton, foi composto pelo grupo que correspondeu com eficácia. Por fim Salvador Pinto Coelho não aguentou a mangada alta do primeiro intento mas, à segunda, fechou-se com muita decisão à barbela para consumar a pega.
Sara Teles