
Nuno Casquinha será o 37.º matador de toiros português. A alternativa está agendada para o próximo Sábado em Villanueva del Fresno, tendo como padrinho Javier Solis e testemunha Júlio Parejo, com toiros de Bernardino Piriz.
No serão de hoje, Nuno Casquinha foi o convidado do programa Burladero de Imprensa da RVA, da responsabilidade de Catarina Bexiga, quando faltam exactamente três dias para tornar o sonho em realidade.
Por cortesia da RVA, apresentamos as declarações de Nuno Casquinha.
RVA – Após 6 anos como novilheiro com picadores, como é que surge a possibilidade de receber aternativa de matador de toiros?
Nuno Casquinha – A oportunidade surgiu com apenas um mês de antecedência, por iniciativa do Sr. Jacinto Alcón e do Sr. Juan Parejo, que me colocaram a hipótese de tomar a alternativa em Villanueva del Fresno. (…) Entraram em contacto comigo e fiquei contentíssimo.
RVA – Nos últimos dias, suponho que pela sua cabeça já passaram muitos dos episódios que viveu até ao momento no mundo dos toiros?
Nuno Casquinha – Sim, sem dúvida. Tenho revivido momentos bons, momentos menos bons, toda a experiência acumulada, e nestes dias antes da alternativa a cabeça não tem parado de pensar.
RVA – O Nuno Casquinha sentiu na pele, tal como outros jovens, dificuldades em singrar na profissão, porque na realidade o toureio a pé em Portugal também está a atravessar um período complicado. Querer tourear e não ter oportunidades foi, muitas vezes, frustrante?
Nuno Casquinha – Sim, digamos que é a parte mais dura, querer tourear e não ter oportunidades. Levantar-se cedo todos os dias, treinar de manhã e à tarde, e não ter novilhadas para tourear é verdadeiramente muito duro, como disse, é mesmo frustrante. Esses momentos são complicados de ultrapassar, momentos em que não se vê a luz ao fundo do túnel. Mas é preciso acreditar que a recompensa chega e no meu caso concreto chega já no próximo Sábado.
RVA – O Nuno Casquinha já toureou em Espanha, França, México. São vivências que guarda com carinho…
Nuno Casquinha – Sim, claro. O meu sonho maior é tomar a alternativa de matador de toiros, mas debutar na Monumental de Las Ventas em Madrid, debutar na Maestraza de Sevilha, apresentar-me no México, tourear em França, nos Estados Unidos da Califórnia também foram sonhos que se foram concretizando com o passar do tempo. Lembro-me de todos esses momentos. Penso que numas vezes estive à altura, noutras poderia ter estado melhor, mas são, sem dúvida, boas recordações.
RVA – De forma geral, como é que analisa a sua campanha como novilheiro?
Nuno Casquinha – Mesmo que tenha tido coisas boas, eu gostaria que tivesse sido muito melhor. Talvez lhe diga que gostaria que tivesse tido mais continuidade, com mais actuações, mais triunfos, e que tivesse triunfado mais forte nas praças de toiros mais importantes. Não foi uma carreira fácil, mas penso que foi uma carreira com dignidade e que dei a cara em muitas tardes complicadas, com ganadarias das chamadas duras… Mas agora o meu olhar está colocado no futuro.
RVA – Quais são as faenas que guarda como as melhores?
Nuno Casquinha – Quando debutei no México, a faena em Puerto Vallarta creio que foi a melhor da minha carreira. Mas depois guardo na memória a de Calasparra com um novilho do José Escolar, em Moraleja a um novilho de Partido de Resina, um par de faenas em Vila Franca de Xira, e um faena na Califórnia, a um toiro muito nobre…
RVA – A alternativa supõe maior motivação para continuar a dedicar-se ao toureio?
Nuno Casquinha – Sim, sem dúvida. Sei que agora me vai ser exigida ainda mais entrega, mais querer, e eu estou decidido a deixar tudo para viver a minha profissão, é a minha paixão!
RVA – Como matador de toiros, acredita que se possam abrir novas portas?
Nuno Casquinha – Temos que ser conscientes e a verdade é que não vai ser fácil (…) Não vai ser uma situação nova para mim ter que ganhar os contratos um a um, mas sou consciente que as coisas não vão ser fáceis, mas a mim cabe-me resolver a situação, para que os contratos apareçam com frequência.
RVA – No Sábado em Villanueva del Fresno vai estrear um traje de luces?
Nuno Casquinha – Sim, um verde botella e oiro…
RVA – Verde, a cor da esperança!
Nuno Casquinha – Exactamente!
RVA – Para terminar. Se pudesse adiantava o relógio, para que o dia da alternativa chegasse mais rápido?
Nuno Casquinha – Sem dúvidas, faltam apenas três dias, e estou desejoso de me vestir de toureiro e concretizar o meu sonho maior. Na semana passada estive a tentar praticamente todos os dias, esta semana tenho estado apenas a tourear de salão, mas tenho umas ganas enormes de tourear.
