Lisboa viveu uma competitiva noite de toiros da casa Eng. Luís Rocha. Aplaudiu-se forte, exigiu-se música, levantaram-se as bancadas por várias vezes e a meia casa que encheu a catedral desfrutou dos bons momentos com um ambiente quente. Para isso contribuiu o jogo forte dos três cavaleiros, que arriscaram nas cartas que deitaram à mesa para levar a vitória para casa.
O curro do Eng. Luís Rocha, muito díspar de apresentação e comportamento, motivou que as duas partes da corrida acabassem por ser muito distintas. Saíram na primeira parte os melhores toiros e que mais transmitiram, ficando para a segunda os trabalhos mais incómodos.
João Salgueiro abriu praça frente a um exemplar que lhe serviu na perfeição aos intentos. Saída alegre e com casta redundou em nobreza e em investidas prontas que o cavaleiro leu na perfeição. De menos a mais, teve nos três últimos ferros um selo de espectacularidade, que meteram indiscutivelmente o público no espectáculo. Sem escutar música, Salgueiro levou um lide séria e esforçada na “fava” do lote do Eng. Luis Rocha. O manso perdido que começou por procurar incessante uma saída em tábuas, acabou por ceder minimamente ao jogo que lhe impôs o ginete. Sentiu o público que lhe era merecida a música e redobrou a intensidade dos aplausos para saudar os esforços do cavaleiro que teve na noite de Lisboa uma excelente passagem!
Rui Fernandes encontrou no primeiro oponente as melhores qualidades que se veriam no lote desta quinta-feira. Nobilíssimo e com casta, o exemplar marcado com o n.º 54, acudiu com prontidão e com raça às chamadas do cavaleiro que variou as sortes e extraiu emoção em todos os ferros. Ligou os ferros com ladeares para deixar o toiro em sorte e primou pelas reuniões a dois tempos. Soou a música ao primeiro curto e foi uma lide redonda nos quatro que se seguiram, escutando-se vários olé! ao longo da actuação. Igual entusiasmo encontrou no público com a lide ao quinto toiro da noite. Tal como os demais, este exemplar “da segunda parte” não demorou a entrar no jogo e nunca se empregou verdadeiramente. Os esforços do cavaleiro fizeram com que a pouca emoção que tinha o manso, que frenava nas reuniões, transmitisse ao público a entrega e o enorme momento da carreira do ginete.
Vitor Ribeiro recebeu ambos os toiros com excelente nota. À bonita brega do primeiro, seguiram-se ferros de qualidade crescente. Terminou a primeira parte com o nível de emoção que vinha levando dos seus alternantes, entrou na competição, arriscou e obteve igual triunfo. Aliou perfeitamente as suas notas clássicas às mais arrojadas e sacou ferros emocionantes – em especial o último que sobrou em vibração nas bancadas. Fechou a noite com um exemplar fundo, composto de carnes e bem apresentado, que da segunda parte acabou por ser o que melhor cumpriu. Lide mais sóbria que a primeira, a resolver as hesitações do toiro que faltava na reunião impedindo emoções maiores. Terminou, ainda assim com muito ambiente.
O capítulo das pegas foi mais atribulado do que as características dos toiros faziam prever.
Pelos Amadores do Montijo pegou Ricardo Figueiredo à terceira tentativa e Ricardo Almeida à quarta tentativa.
Pelo Aposento do Barrete Verde de Alcochete foi à cara do segundo da noite Marcelo Loia, a consumar ao terceiro intento e Rui Gomes, com grande mérito ao primeiro.
Do Real Grupo de Moura, pegou Cláudio Pereira à segunda tentativa enquanto o Valter Rico fechou a noite com uma vistosa pega ao primeiro intento.
De referir ainda, que o mais prolongado aplauso da noite acabou por ser mesmo aquele que se dedicou ao Rei Eusébio, que assistiu da barreira ao espectáculo!