A alvura das bancadas na tarde de 18 de Agosto contrastava com a paisagem alentejana em tons de dourado em redor do tauródromo do Sobral da Adiça. A corrida marcada para as 17h, não levou muita gente à praça – contrastante entre as bancadas de sol e sombra – quiçá, mercê do calor quase sufocante que se fazia sentir. Foram quase quatro horas de espectáculo, muito maçador na primeira parte e mais refrescante na segunda em que sol deixou de apertar.
Os toiros de La Dehesilla aceitáveis de apresentação, deram jogo muito desigual e deixaram um selo de mansidão, em particular nos três – quase inválidos – primeiros.
Da primeira parte há realmente pouco a dizer, porque sobrou num aborrecimento tal que quase apetece poupar o caro leitor a tão enfadonha leitura.
Ainda assim…. Vamos lá…!
Luís Rouxinol abriu tarde frente ao primeiro manso descastado. O cavaleiro limitou-se a cumprir a papeleta. Esteve correcto – “sim, pronto!” – é verdade – mas o que se viu foi uma lide para despachar que não entreteve. Por oposição, depois de volvidas quase duas horas da primeira parte, regressa com uma actuação de “graças a Deus!”. Quase no limite da exasperação do público, veio o cavaleiro de Pegões apresentar uma entrega que o fez recolher o aplauso entusiasta da agradecida bancada. Depois dos dois compridos regulares, sacou o Vinhas e dobrou-se com o toiro apondo ritmo, alegria e sobranceria na brega a terrenos curtos, aliada a bons ferros. Terminou com o imprescindível par e saiu deixando um ambiente completamente diferente para a segunda metade.
Gilberto Filipe sem toiro, andou compenetrado em deixar tudo bem feito. Ferros de frente, entrando pelos terrenos do manso, que se manteve quase sempre parado, foram o resumo de uma prestação terminada com um palmo, que foi o exclusivo motivo para entusiasmo da bancada. Já na segunda metade, o ginete foi na onda que Rouxinol levantou. O toiro tinha mais andamento e um pouco mais rematador nas sortes, permitiu uma lide mais alegre que a primeira, igualmente correcta e com “tudo bem feitinho”.
A João Maria Branco substituiu Tito Semedo (que por motivos que desconhecemos não se apresentou na Adiça), tocou um inválido. Veja o caro leitor que, tão parados que foram os anteriores, que nem cavaleiro nem veterinário deram conta que não se tratava ali só de mansidão. Depois do primeiro comprido, o toiro quedou-se e foi recolhido com esforço aos curros. Lidando o segundo do seu lote, a tarde prosseguiu com um toiro “melhorzito” a que o ginete se manteve ligado, cravando os ferros da ordem sem deslumbrar. Já para fechar a corrida andou mais irreverente e animou o conclave com os ladeares e piruetas, que foram o melhor que pôde frente a um oponente que, sendo o melhor de todos, transmitia pouco.
Nas pegas o curro de Pereda / Dehesilla não ofereceu dificuldades de maior mas foi onde se registaram os apontamentos de maior emotividade nesta tarde seca.
Pelo Aposento do Barrete Verde de Alcochete João Salvação mandou Leandro Bravo à cara do primeiro da tarde. Vendo a investida ensarilhar ao primeiro intento não obteve a melhor reunião, a que o primeiro-ajuda correspondeu sem conseguir manter depois o forcado. Na segunda tentativa faltaram braços ao da cara para lá ficar, embora tivesse estado correcto nos tempos da pega. Braços que não lhe faltaram à terceira, para aguentar à córnea e consumar a pega. Depois, no segundo toiro do grupo houve, para uma boa lide uma boa pega, de Diogo Amaro – nome que definitivamente se deve decorar. O toiro entrou com pata e a empregar-se e o da cara recebeu com decisão para a pega à córnea mais bonita da tarde – merecedora da justíssima atribuição do prémio para a melhor pega.
Pelo Real Grupo de Forcados Amadores de Moura foi primeiro Gonçalo Caeiro, que meteu as mãos por diante aos três primeiros intentos em que não conseguiu recuar nem reunir efectivamente. À quarta fechou à barbela mais confiado com o grupo carregado atrás. Xavier Cortegano não teve ajuda na primeira tentativa em que vinha a aguentar bem a viagem até tábuas onde o toiro começou a bater. Ao segundo intento recebeu o toiro com a cara à meia altura e rodou da barbela onde não vinha bem fechado. À terceira tentativa a pega consumou-se com valor para o da cara e para a primeira ajuda, faltando uma vez mais a ajuda atrás.
Dos Amadores de Monsaraz foi primeiro Ricardo Cardoso que esteve tecnicamente correcto, mandando e reunindo muito bem à córnea. Armando Gonzalez, esteve valente a fechar à barbela e a corrigir a investida enviesada do oponente, reagindo o grupo com eficácia.
Sara Teles