No próximo Domingo, dia 10 de Março, pelas 16h, haverá um Festival a favor do C.I.R.E. (Centro Integrado de Reabilitação de Tomar) na Praça de Toiros de Tomar, no qual Bernardo Salvador, filho do cavaleiro Rui Salvador, se irá estrear.
Muito próximos de dia 10, falámos com Bernardo Salvador e assistimos a um treino na Praça de Toiros de Tomar, onde o jovem cavaleiro prepara a sua estreia.
Como é ser filho de um cavaleiro como é Rui Salvador?
Bem, ser filho de uma figura tauromáquica como o meu pai, é desde ja uma grande vantagem, pois, verdade seja dita, melhor professor dificilmente obteria! Por outro lado, acarreta também grande responsabilidade minha, pelo que devo tourear de acordo com a sua reputação. Não tão bem quanto ele, porque tal é impossível para alguém com a minha experiência nesta arte. Seja como for, estou aqui para aprender, e para um dia ser uma figura como ele!
A ideia é continuares a crescer no mundo tauromáquico?
Esse é desde já o meu principal objetivo, mas seja como for, tenho que continuar a estudar para um dia vir a ser médico veterinário. É sempre uma ferramenta útil, especialmente nos dias atribulados em que vivemos. É certo que posso deixar o sonho esperar, mas nao o deixarei morrer…
É também uma forma de estares mais próximo dos cavalos, da Quinta, e da vida do campo?
Exatamente! Vivi 16 anos em Lisboa. Infelizmente, como nasci com asma e tenho uma grande alergia a animais (especialmente a cavalos), só pude realmente conhecer a vida campestre aos meus 10 anos de idade, altura durante a qual comecei a tomar uma vacina especial que me ajudou a combater este problema. E apaixonei-me por um mundo que até então me era desconhecido! Comecei a viver o mundo dos touros, que naturalmente me seduziu, e com o qual hoje me identifico. E não só nesse sentido mas noutros também, que eu aspiro ser médico veterinário: é realmente a profissão que eu melhor consigo conciliar com o meu sonho, e já que é algo que eu gosto de fazer, dá perfeitamente para a conjugar tudo.
Como tem sido o teu percurso até à decisão da apresentação ao público e como passas os dias na Quinta?
Como o meu sonho é realmente tourear, até há mais ou menos tres semanas eu andava a trabalhar normalmente, a aproveitar todos os treinos, e a viver a festa brava, sempre que possível. Depois dessa altura, quando soube deste evento, os treinos intensificaram-se ainda mais, e comecei a trabalhar muito mais. Tive que fazer uns sacrifícios: desprezar umas namoradas… (risos). Mas tenho trabalhado activamente, e sinto-me capaz de proporcionar ao público um bom espectáculo. Seja como for, vou continuar a treinar imenso até lá, para que o espectáculo corra bem.
E é fácil dividir o tempo entre escola, cavalos, namoradas, e lazer?
Desde que façamos uma gestão correta desses factores e prioridades, creio que é realmente possível conciliar tudo. Mas respondendo à pergunta, é difícil… com tempo vai-se lá, e elas compreendem (risos..)
Nas últimas temporadas tens acompanhado muito as corridas do Pai, que evolução sentiste ao longo deste percurso?
Bem, desde o momento em que decidi ser toureiro, que tento viver a festa brava o melhor possível. Para tal, comecei a seguir o meu pai para toda e qualquer corrida, sempre que possível. Assim, penso que desenvolvi bastante algumas capacidades bem úteis, como a visão critica necessária para “ler” um touro, saber as suas características, e a forma de toureá-lo melhor para não levar com ele, claro. Aprendi também várias regras e costumes desta arte, que até então me eram desconhecidos. Resumidamente, foi ao participar activamente na quadrilha do meu pai, que evoluí. Porque tal como ele diz: “aprende se muito a ver”. E eu respeito.
Sentes-te preparado para este grande desafio, já no próximo domingo?
Como é a minha primeira corrida, é certo que estou nervoso. Já o meu pai costuma estar assim, após 40 anos de vivência da festa, quanto mais eu… Sei que ainda tenho vários erros a corrigir, e tentarei emendá-los o melhor possível até lá, para que na altura esteja realmente capaz de demonstrar ao público aficionado que estou pronto para o desafio.
O festival é de solidariedade e a favor do C.I.R.E.. Tens algum carinho especial por esta instituição?
Tenho sim. Esta instituição, tem vindo há 15 anos todas as quintas-feiras ao nosso picadeiro para darem aulas de hipoterapia aos seus utentes. Portanto, como estou a par do seu trabalho, que considero nobre, é para mim uma grande honra e tenho muito prazer em participar neste festival, a favor desta instituição que tanto precisa e que tanto faz pelos seus utentes.
O que diz a Mãe e a Francisca? Apoiam?
A Francisca sabe que é um grande passo na minha vida, e está contente com a situação!
Agora, a minha Mãe era um caso diferente, até à semana passada. Dizia que não ia ver a corrida, que tinha medo, como qualquer mãe (imagino…). Mas felizmente, depois do treino de hoje, ganhou confiança, e mudou de ideias! É importante para mim que ela esteja na bancada a ver-me. Dá sempre um carinho e uma força especial!
Tens superstições?
Nenhuma.
Quem vai estar mais nervoso no Domingo, o Bernardo ou o Pai?
Sinceramente, nao sei! Sei que será um dia repleto de nervosismos, mas com confiança, e pensamento positivo, haveremos de superá-los, para melhor!
Patrícia Costa
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