A temporada taurina vai dando sinais de recolha, é tempo de beber as últimas gotas deste néctar que nos vicia e dá pelo nome de tauromaquia, aqui e ali ainda vamos poder assistir às últimas corridas que nos prendem já à saudade da próxima temporada. De seguida não faltarão troféus para encontrar triunfadores, os grandes vencedores de uma época preenchida e bem disputada.
Mas quando a quietude se apoderar das praças de toiros, que voltam a ser residência de pardais, morcegos e andorinhas, é sinal que nós aficionados não voltaremos tão depressa.
A alegria, o cheiro, a cor, o som das corridas de toiros dão agora lugar à caça, aos compromissos do defeso, aos deveres da equitação, mas também à continuidade dos convívios e à excelência das festas entre família e amigos.
Haverá aficionado que se esqueça da Feira Nacional do Cavalo da Golegã? Tantos simpatizantes deste nobre animal se reúnem neste evento nacional, mas poucos saberão que aquela que será no corrente ano a XXXVIII Feira Nacional do Cavalo remonta ao Séc. XVIII e foi incentivada pelo Marquês de Pombal. Esta feira era nessa época realizada num contexto agrícola, dada a fertilidade dos terrenos cuja fama chamou até à vila da Golegã importantes agricultores e criadores de cavalos. 1972 é a data em que a até então denominada Feira de S. Martinho, passa a designar-se por Feira Nacional do Cavalo. Este acontecimento reuniu desde sempre os melhores criadores de cavalos, conferindo ao evento uma dimensão competitiva, promovendo exposições, provas e concursos onde podem ser apreciadas e comercializadas diversas raças. Ainda assim, o carisma de S. Martinho não foi menosprezado e como manda a tradição – “Pelo S. Martinho, vai à adega e prova o vinho” – por tascas e adegas desta primorosa vila prova-se a água pé, no aconchego de um cartucho de castanha assada. S. Martinho é acarinhado e desde logo digno de Romaria, uma peregrinação a cavalo realizada pelos Romeiros parte do Arneiro da feira até ao local de presença da figura deste Santo.
Esta encantadora vila é Capital do Cavalo, uma boa parte da sua actividade gira em torno deste quadrúpede e é nesta feira anual que se podem encontrar o “topo” dos criadores, soberbos exemplares e promover interessantes tertúlias em torno deste deslumbrante animal, cuja versatilidade chega ao âmbito artístico, de trabalho, terapêutico, desportivo e sobretudo afectivo.
Nesta altura a Golegã fervilha, tudo se compõem para dar inicio a mais um acontecimento nacional, cada vez mais de cariz ibérico. Os recintos, os animais, as equipas, a animação, os hotéis, os restaurantes, e muito mais, tudo tem que estar preparado para receber de 1 a 11 de Novembro próximo, mais uns milhares de visitantes e admiradores desta orgulhosamente nossa Feira Nacional do Cavalo.