Hoje escrevo sobre coisas extremamente fofinhas, idílicas, banhadas a purpurinas cor-de-rosa (e já nem o arco-íris posso encaixar neste conto de fadas para não ser conotada com outras coisas, mais uma grande perda para o nosso lado).
Ah não!! Esperem, afinal só tenho estas palavras: decepção, desolação, indignação, vergonha, irritação, etc…
Nesta era de positivismo, do “eu mereço”, vou ser feliz, etc.. ok, é justo e deve-se sempre tentar e querer mais, mas não, nem todos conseguem. Sempre existiram e existirão pessoas que não conseguem ser felizes, pessoas que não são capazes de fazer coisas maiores que elas próprias, E neste mundo a fingir, que é pregado como uma doutrina, não entram animais em suposto sofrimento! Enquanto não estivermos todos a comer só sementes, não descansam e esqueçam tudo o que aprenderam sobre animais carnívoros, isso já era!
Conformismo, somos peritos em dizer mal do que acontece, do governo, dos impostos, eu sei lá, e depois votamos sempre nos mesmos.
Adoramos uma publicação a chamar nomes e a insultar os anti, ameaçamos, tornamos as publicações virais, que espetáculo!!! E se tiver uns palavrões cabeludos e ameaçar a mãe de algum, é a loucura!
E sair cá para fora e continuar o que se afirma e defende na chafarica social? Naaaaaaaaaa, isso já dá muito trabalho, e contra mim falo, ele é a sopa ao lume, ou as compras de supermercado, ou o jogo de futebol.
Vem tudo do problema do facilitismo e deixa-andar, a permissividade pouco exigente e de chafarica, e o que isso significa em termos de oficialização da mediocridade, passamos a achar normal estas shits. Brincamos aos profissionais e aos toiros. Vale tudo nesta mui elevada cultura do entretenimento?
Já para não falar do perigo que são as pessoas sem noção, que são cada vez mais, parecem multiplicar-se ao ritmo do sucesso das redes sociais. As pessoas sem noção são quase tão perigosas como as pessoas egoístas. Mesmo que não seja “por mal”, claro.
E aqui entram os que tentam fazer… Se têm muitas opiniões, tem a mania. Se dá ideias, quer dominar. Se organiza, é mandão. É bom ver como meia dúzia ainda marra contra a corrente e faz acontecer. Tão admirável quanto estranha e bacoca nação esta!
Ainda não percebemos que estamos a ser ENGOLIDOS de mansinho, e deixamos?
É preciso relembrar a Póvoa de Varzim? Alguém se insurgiu á séria? Para além de petições (on-line claro), e da ajuda da Protoiro e Clubes e Tertúlias locais? Mais alguma coisa? NÃO!
E as “plaquinhas” em Lisboa, um mimo! Ficámos todos a saber que o Campo Pequeno é afinal de contas um belíssimo parque de merendas…
Lembro-me assim de repente de umas quantas terras que lucram do turismo em redor das corridas e afins, aqui ao nosso lado Sevilla, Madrid, Pamplona etc. E aqui, temos vergonha e tapamos símbolos para não-ferir-o-coitadinho-do-turista-ou-o-cromo-lisboeta-que-só-agora-se-lembrou-que-não-gostava-daquilo-ali?
Epa, mistérios da natureza humana numa era estranhíssima, e tudo tão ordinário por sinal.
Não entendo como quem faz parte deste mundo, profissionalmente ou por pertencer a organizações cuja finalidade é proteger esta nossa arte, não faz o suficiente. Farto-me de ouvir dizer que não chega. Então quem tem que fazer alguma coisa? Eu? Outro “Zé Povinho” cuja única coisa que faz é pagar bilhete para ver uma arte que ama? Se calhar basta estarmos em sintonia e não arranjar mais tretas para a desunião. Ou não! Criticar, cruzar braços e deixar a coisa passar, ou fazer alguma coisa?
E enquanto isto, cá dentro, imagine-se, quando deveríamos estar mais unidos que nunca e sem shits (lá está, adoro um bom estrangeirismo e não digo asneiras), parece que andamos sem rumo! Andar sem rumo, gestão autónoma nunca é bom, aplica-se a crianças e negócios. E o que fazemos? Estragamos tudo e damos de mão beijada a quem de direito, achas para a fogueira, e desta quem sairá queimado, seremos só nós…
E nem quero saber de quem é a culpa, uns contra os outros, altercações na primeira Praça do País, desautorizações de direcção de corrida? Mas isto é o quê? Chegámos onde mesmo? É que isto já nem é Idade Média, ahhhhh, deve ser o Paleolítico, bem mais atrasado e continuamos na moda…
Nunca me cansarei desta arte, como nunca nos cansamos do amor mais puro. Apreciar esta arte é como receber um abraço, porque no fim de contas, não passa de um grande acto de generosidade. Mas hoje sinto vergonha, daquelas grátis que nos desarmam de qualquer argumento válido… Assim não…
Ninguém sabe tudo, uns sabem mais de umas coisas, outros de outras, pelo que, deixo aqui alguns recados a quem os quiser reter. Aos mais novos e modernos, se não entenderem, é só substituir a palavra “interessante” por cool:
Ser interessante não é só dizer mal de tudo e de todos só porque sim e não fazer nada para mudar,
Ser interessante não é não respeitar procedimentos como adolescentes rebeldes, é só parvo,
Ser interessante, como a própria palavra indica, é não fazer figuras para agradar aos outros e passar por cima de todas a entidades competentes, querer chamar a atenção é o menos cool que pode existir, ok?
Ser interessante é ir ás corridas de toiros para ver toiros, e quem sabe, não se chatear com o que se vê á volta,
Ser interessante é ter dois dedos de testa para perceber a gravidade de tudo, não dizer mal só por dizer, e tentar usá-los para fins úteis à sociedade,
Ser interessante é trabalhar não só pelo dinheiro, mas pelo conteúdo e objectivos maiores e comuns a todos,
Ser interessante é estar-se borrifando para o que é ser cool, e não continuar a engolir e engolir sem fim á vista, a fundo perdido!