Até podia não ter o privilégio de os ter como amigos, escreveria na mesma sobre o seu mérito e seriam merecedores desta crónica! E de muito mais! E porque ainda não passou nem um mês, e sim, é um marco histórico.
Alguém sabe o que aconteceu ao Museu Tauromáquico do Campo Pequeno por exemplo? Alguém sabe do surgimento de um museu do género nos últimos tempos? Pois, bem me parecia. Daí a importância deste acontecimento.
Já sabemos, cada vez é mais difícil que as pessoas trabalhem para um bem maior, certo.
Na verdade, encontram-se mais voluntários para uma selfie num penhasco que possa ser devidamente publicada nas redes, do que para defender o que é nosso, trabalhar para a mesma coisa de forma isenta e gratuita, nem mesmo para uma conversa franca ou profunda ou interessante sobre coisas que verdadeiramente importam, a Cultura Taurina.
E depois, tenho a sorte de ter como amigos, pessoas extraordinárias! Dois deles fizeram acontecer o Museu Ramagens Ouro e Prata, o Professor Marco Gomes e Ana Meira, em Alter do Chão!
Cada detalhe, a dedicação, o cuidado, nada disto tem preço!
Admiráveis que são, e a vida com amigos é sempre tão melhor…
Fico extremamente feliz com o surgimento deste marco da tauromaquia com história e tradição por conta de pessoas maiores que o resto! Pessoas altruístas, que fazem acontecer tudo pelas próprias mãos, apenas e só por conta de um amor.
E tão necessário, e fundamental para a “manutenção da Festa”!
Uma das preocupações de alguns é, a falta crescente de gente nova a assistir/ participar nos eventos taurinos. Ainda que haja quem não concorde com esta mesma preocupação, se mais do que “um par” de pessoas a tem, é porque vale a pena falar e pensar no assunto.
Que é necessário para que deixem os tablets e smartphones para aprenderem a Festa, sim, aprender basta, depois amá-la torna-se tão fácil… Bem sei que se publicasse vídeos com legendas cómicas no Instagram em vez de escrever crónicas, teria toda a atenção desta faixa etária.
E que melhor que um museu, carregado de recantos e detalhes prontos a mostrar e ensinar a nossa História taurina?
Deixei de acreditar em contos de fadas, mas ainda acredito que os príncipes vestem azul e que as princesas humanizam os seus animais de estimação apenas e só no sítio certo, nos filmes de animação claro está. E ainda acredito profundamente em retratos poéticos e existencialistas, na cultura taurina cheia de energia estratosférica!
E tudo isto é resultado de um grande amor destas duas pessoas por esta “nossa arte”, ainda que hoje em dia “amor” seja uma palavra muito banalizada. Ama-se uma loja, ama-se uma série de tv, ama-se sushi (eu cá, não amo nada disto, guardo a palavra amor para coisas mais importantes, mais sublimes, os meus!). Amor tem-se por pessoas, por artes, por terras às quais pertencemos, por coisas que nos fazem sentir muito mais que um prato qualquer de nouvelle cuisine. Ama-se ou não, o mundo taurino, a arte em si, e esta é uma prova de amor como poucas.
E este tipo de amor, é uma coisa tão óbvia e tão admirável que ultrapassa o nosso entendimento, que nos ultrapassa a nós, e às nossas coisinhas, na sua evidência simples: a de ser apenas bela.
E “Amor com amor se paga”, novela ou frase chavão tanta vez mal usada, mas aqui, parece-me a moeda de troca perfeita! E porque nunca falo por ninguém, mas desta vez, e só desta, posso. E com agradecimento sem fim, paga-se com muito agradecimento.
Fazem-me voltar a acreditar profundamente na magia e beleza das pessoas, neste mundo taurino, etéreo, volátil, carregado de esperança e amor!
E é este tipo de amor que nos torna tão humanos…
Ester Tereno