10/06/2015
A corrida de alternativa de António de Almeida alternativa foi no feriado de 10 de Junho em Santarém.
A data evoca os feitos portugueses, a coragem e as conquistas desta ocidental praia Lusitana, «mais do que prometia a força humana» como cantou Camões.
Nesta data passou António de Almeida ao mais recente doutorado na arte do toureio a cavalo.
Apesar de jovem, o cavaleiro fez um longo trabalho no seu percurso como amador e praticante. Chegou a esta etapa seguro das suas capacidades e com a tranquilidade suficiente para não se intimidar com tão alto compromisso.
E é tranquilidade que usa para arriscar – e arrisca muito! Nos seus últimos compromissos tem-nos conquistado com «aquele e outro» ferros de cortar a respiração, que bem fica na retina.
A lide da alternativa foi cedida pelo seu pai, Jorge de Almeida. Esteve sereno e eficaz nos compridos e arriscou nos curtos. Os três primeiros foram sonantes. Ao quarto o toiro não acedeu ao engano do piton contrário e a sorte resultou mais emotiva e menos ortodoxa mas nem por isso o cavaleiro a aproveitou para comunicar com a bancada.
Na última lide, depois dos compridos, Jorge de Almeida pediu licença para que o filho toureasse consigo a duo. E foi uma lide de estalo, com todo o público a vibrar com uma boa e arriscada actuação.
Para o bom espectáculo (a quem infelizmente faltou muito público) contribuiu o excelente jogo do curro de toiros da ganadarias de José Luis Vasconcellos e Souza d’Andrade. Desta tarde resulta claro, se o que faltar em trapio sobrar em bravura não há quem se importe! De um mais mansote (que ainda assim veio de menos a mais) todos os restantes tiveram uns furos acima da média!
O segundo da tarde foi para Sónia Matias. O toiro saiu de «meter susto» a medir, a tirar o engano ao peão de brega e a rematar com raça a todas as chamadas. A lide foi «sem pecado»! Muito sítio e inspiração, resultaram num conjunto harmonioso e sonante. Muito bem.
Marcos Bastinhas logrou também uma boa actuação na monumental scalabitana. Cites de largo e a atravessar toda a praça para entrar na jurisdição formaram uma lide alegre e a comunicar com a bancada.
A Duarte Pinto tocou um bravo de bandeira. Arrancando-se de toda a praça com investida alegre e enraçada, chegava às reuniões dos ferros de frente e ao estribo com toda a galhardia. Foi uma muito boa lide deste cavaleiro. O toureio de verdade está para a bravura como a água para a sede e o conjunto não pode ser melhor!
Porém, quem mais viria a destacar-se seria mesmo Salgueiro da Costa. O quinta da ordem era um encastado com muito sentido e muita transmissão. Se aos primeiros ferros descaiu para a porta dos curros, muito bem andou o jovem da Valada a puxá-lo para os médios, cites em curto, esperando para dar vantagem ao toiro e cravar ao quiebro. Se o jovem não é constante e tão depressa está extraordinário como lhe fogem as coisas de feição, esta foi uma tarde de sorte para quem esteve em Santarém, porque foi um dia absolutamente sim!
Para as pegas estava em disputa um troféu entre os Amadores de Santarém e de Alcochete.
Os de Alcochete, abriram a corrida com uma bonita homenagem aos anfitriões pelo seu centésimo aniversário, entregando-lhes uma réplica da estátua de Helder Antoño.
Depois acabariam por ser os Alchetanos a levar o troféu em disputa para casa, pela pega concretizada por António Cardoso.
Abriram praça os Amadores de Santarém.
João Brito teve que entrar na jurisdição e à saída intempestiva foi impossível “sacar-se” devidamente para reunir em flexão. Acabou por empranchar saíndo por cima. À segunda esteve enorme a aguentar a viagem dura e com derrotes que deixou o grupo para trás. Concretizou à terceira com o grupo a tapar com eficácia.
Luis Sepúlveda consumou uma boa pega à primeira tentativa com uma excelente primeira ajuda.
Lopo de Carvalho e David Romão saltaram para a teia para consumar uma bonita cernelha que muito valeu pela eficácia de ambos numa sorte que é o ex-libris da formação scalabitana.
António Cardoso abriu a tarde dos Amadores de Alcochete com a pega com que viriam a vencer o prémio. Com o toiro a investir de largo, recebeu em técnica perfeita à córnea com o grupo a corresponder na ajuda. Gonçalo Catalão, esteve correcto e consumou à primeira tentativa com uma impressionante primeira ajuda. Tomás do Vale viu o toiro sair pronto e acabou por não receber da melhor maneira. À segunda embora se tenha atrasado a fechar, teve muita vontade para lá ficar e consumou com boa ajuda do grupo.
Sara Teles