A maior crise que há memória, e nós fazemos o quê? Tirando uma meia dúzia de iniciativas louváveis…
Se calhar recomeçava esta crónica:
10% do nosso PIB anual foi à vida, e não é recuperável em 2021. O alheamento dos responsáveis políticos contagiou a sociedade portuguesa. Ninguém parece preocupado em encontrar soluções para esta crise. E está tudo bem…
Gastam-se energias em tricas, cancelamentos de corridas televisionadas, etc! Voltámos ao mesmo? Não faz, nem deixa fazer?
Tempos difíceis virão, não nos podemos dar ao luxo de partir para a batalha de forma dividida.
Se nada for feito, sob o arbítrio da media castradora, orientada por intelectuais em bolhas presunçosas, estaremos condenados a perder o que de melhor este país tem, a unidade, na sua diversidade cultural.
Tauromaquia a ser um termómetro da sociedade (para o que estávamos guardados!). Uma sociedade livre e tolerante, que entende e aceita o que opina diferente, frente a uma sociedade na qual uns decidem o que é aceitável e o que não é..
De imbecilidade, disto vamos morrer se nos descuidamos, e não da pandemia.
A cereja no topo do bolo para os “anti”, sossegados, assistindo ao perigar desta nossa paixão. Aquela mão vazia de cretinos que nos chateia no Campo Pequeno. Ditadura do pensamento, nem percebe que é volátil, porque é moda, e as modas passam…
Não respeitam os próprios pais, muitos adeptos, outros neutros, provenientes dos tempos em que ninguém via maldade naquilo.
Carregadinhos de arrogância, julgam-se superiores aos do interior, ignoram as suas procissões e tradições. Amantes de peludos aprisionados em apartamentos, possuem elevada autoridade moral, portanto.
Agora a maior contradição de todas, esses descobriram o campo, ou melhor, a versão que lhes convém, a que está na moda. A cena bucólica do Alentejo e afins, que não faz deles, conhecedores das terras e menos ainda, da sua cultura! Um verdadeiro atentado!
Esses que ditam como os outros devem viver, (como é que se cria um animal do campo, hã?), dificilmente distinguem um touro bravo de uma vaca mansa.
Adoram chavões: Ecologia é humanismo, urgência climática, etc. É apenas uma questão de moda romântica, plantar biológico, atentos a rótulos manipulados, chegando ao ponto de marcas reconhecidas se “vergarem” a este fanatismo, que remédio!
Vendem a imagem de que não há nada mais evoluído, que ser ecológico, deixando para trás as cidades, mas levando tudo o que não pertence ao campo.
A ecologia não é dos ideólogos da cidade, os que consomem soja de plantações abusivas, mas dos que consomem o porquinho que criaram, este sim, biológico! A que é vivida dia-a-dia no campo.
Lembram-se de ter mencionado numa crónica anterior, a “Tauroflamencologia” e a sua disseminação indiscriminada pelo nosso Feudo? Mal sabia eu que era só a ponta do iceberg… Não podem gostar de uma coisa e dizer mal de touros!
Ai, a globalização é tão benéfica quanto perigosa, não queiramos ir a Jerez de la Frontera presenciar um fandango do Ribatejo.
O perigo da “desaculturação” é enorme, nós que até somos do bem, não podemos um dia dar conta que é tarde demais para voltar à nossa verdade, porque nos descuidámos.
Onde fica o amor pelas nossas terras, raízes, aquela cena mágica e inescapável, que nos tira do sério? Não queiram acabar com isto…
E como não falar em França, nas suas Ferias, que perante o desconhecido, decidiram avançar! Em conjunto com o grande movimento de pressão política “Touche Pas à Mes Passions”, bravo!
Por cá, quem anda a pressionar? Eles fazem petições, como resposta que levam? Zero. E diálogo, união de tudo e todos? Não estão só as corridas em risco, a caça, a pesca, as chegas de bois, a lagosta suada?
Acredito que aproveitamos este Inverno para acordar, não podemos entrar em 2021 sem ter definido o que vai acontecer!
Se há coisa que devemos ser agora é maiores que o nosso umbigo, esta Pandemia não nos vai tirar o cheiro, o pó, a cor, o nosso sagrado, as sensações que só temos nas corridas de touros!
E precisamos que tudo volte, de forma urgente!
Ester Tereno