A gala mais impressionante da tauromaquia nacional decorreu no passado dia 11 deste mês, na Nazaré. Trata-se da gala da tertúlia o Picador, e contou com uma multiplicidade de premiados, num ambiente de confraternização chique muito agradável e que marca uma evolução neste tipo de encontros taurinos.
Este ano o destaque não foi exactamente para as figuras do toureio, mas antes para um político e uma figura dos bastidores do toureio. Refiro-me a André Ventura e a Joaquim Grave.
Grave é um orador de grande categoria, mas sobretudo de grande conteúdo, e ao receber o seu troféu recordou a audiência – de uma forma elegantíssima – que não somos nós que estamos errados ao defender a tauromaquia, pelo que não devemos ter vergonha da arte que admiramos, mas antes lamentar e corrigir a ignorância de quem nos ataca em vez de termos medo deles. Um medo que meu ver muitas vezes se traduz em vergonha, um medo que se justifica pela propaganda que os anti-taurinos têm feito e que até a nós nos afecta.
O tema que levantou é vital para a tauromaquia e merecia, só por si, todo um debate, que poderia muito bem ser despoletado pela tertúlia que entregou os prémios na noite fresca de festa na Nazaré.
André Ventura, líder do Chega e deputado único deste partido, tem mantido um discurso abertamente pela defesa da tauromaquia, mas não essencialmente taurino. E foi isso que nos deixou no seu discurso, cuja frase principal foi “estarei ao lado da tauromaquia até ao fim da minha carreira política, esse é o meu compromisso”, mas não a disse sem que antes tenha feito o preâmbulo em que frisou não ser aficionado…
Em princípio, esta é a posição política que melhor convém à tauromaquia, uma vez que se fosse aficionado não seria imparcial e a defesa pela tauromaquia não seria feita pela lógica e razoabilidade, mas antes pela paixão e necessidade. No entanto, em política o que é não era. Ou seja, as afirmações políticas do presente não são dados garantidos no futuro. Precisamos de ser como São Tomé e ‘ver para crer’. Para tal ele terá de cumprir bem o seu compromisso connosco até ao fim desta legislatura.
O tom dos restantes premiados foi muito mais de agradecimento aos excelsos anfitriões, Henrique Gil e sua esposa Lúcia, com prémios dispersos por vários âmbitos da tauromaquia. Fizeram parte da lista deste ano Simão Neves, como picador; Farpas, com o prémio de imprensa taurina; as ganadarias de São Torcato e Murteira Grave; José Peseiro e Carlos Franco, recolheram os seus prémios de grandes aficionados; os grupos de forcados foram Montemor e Lisboa; e directamente no toureio houve troféus para vários ausentes: Padilla, Francisco Palha, Nuno Casquinha, e Jose Luis Bote; e para outros tantos presentes: Rui Salvador (tendo o seu apoderado de sempre, Amorim, recebido o troféu de apoderado), Soraia Costa, Diogo Peseiro, António Telles Basto. A lista foi tão longa como a noite de festa, que continuou num bar privado para o evento, o importante é que este tipo de eventos evolua e perdure no tempo, estando aqui um bom exemplo do que se pode conseguir com força de vontade, sagrando-se – apenas em quatro anos – numa data a agendar anualmente.
Sílvia Del Quema