O Campo Pequeno juntou uma meia casa fraca para a sua Corrida dos Triunfadores, e quem lá esteve não teve uma nocturna espectacular como o cartel prometia.
Luís Rouxinol lidou dois touros Vinhas, pegados pelo grupo de Santarém. Juan Jose Padilla e Manuel Dias Gomes lidaram reses de Manuel Veiga.
O primeiro touro da noite, para Rouxinol, foi fraco e a lide redundou numa falta de ligação que o cavaleiro pode compensar no seu segundo toiro: um dos melhores da noite- ÑEsta segunda lide lembrou-nos porque fazia parte do cartel dos triunfadores da primeira praça do País e destacou-se claramente no seu último ferro de palmo, apesar de ter tido uma lide, de um modo geral, aquém do que nos tem habituado nesta temporada.
No entanto, foi a queda de um ídolo que mais marcou a noite lisboeta: Padilla não correspondeu ao que o público se habituou no Campo Pequeno e a falta de entendimento do toureio a pé que ainda vigora em Portugal penalizou, inadvertidamente a meu ver, o matador.
O primeiro touro de Padilla era complicado, sem dúvida, e o espada não o entendeu, mas não foi aqui que o público cismou com Padilla. Foi no seu segundo touro, quando resolveu não bandarilhar. Uma opção comum a tantos matadores, mas que Lisboa não quis respeitar. Para ajudar aos apupos dos tendidos, a quadrilha de Padilla não teve uma boa prestação neste tércio. Como realmente do lote de Veigas, os dois piores couberam ao matador espanhol, a noite não lhe sorriu, contudo, penso que foi injustiçado na forma como o público o tratou.
O claro e justo triunfo da noite foi para Manuel Dias Gomes. O seu primeiro touro não foi fabuloso, refugiando-se e deselegante na investida curta. Mas o seu segundo, o último da noite e um dos melhores que saiu à arena nesta nocturna, Dias Gomes pode mostrar-nos como está o grau de domínio tanto no capote como na muleta.
Foi uma lide de poder e arte, talvez um pouco prolongada, mas é uma questão de se preferir ver mais ou menos desplantes. Ainda que Padilla tivesse conseguido estar por cima dos seus touros, esta lide de Dias Gomes teria sido, certamente, a triunfadora da noite.
As pegas foram ambas efectivadas ao primeiro intento, por António Tourino e Francisco GRaciosa, destacando-se a valentia de António, cujos ajudas tardaram e ele aguentou muito bem a cara do touro.
Não podemos deixar passar em branco a excelente prestação da quadrilha de Dias Gomes no tércio de bandarilhas, estando tanto Cláudio Miguel como João Ferreira de parabéns pela boa cravagem.
Sílvia Del Quema